ISMAEL NERY | Figuras Femininas | Pendant – Par Desenhos S/ Papel | 15 x 10 cm | Déc 20

[RESERVADA] ISMAEL NERY – “Figuras Femininas:
Técnica/Suporte: Pendant – Par de Desenhos à Grafite sobre Papel.
Medidas: 15 x 10 cm (cada obra).
Data: Década de 20.
Certificado: Com Cachet no Verso da Galeria Ricardo Camargo.
Assinatura: Assinado no CID no 2o. Desenho.
Moldura: Devidamente emolduradas.
Estado de conservação: Ótimo.
Descrição/Detalhes: Raríssimas obras da renomado artista. Está assinada no cid no segundo desenho, está com o cachet da Galeria Ricardo Camargo no verso.
FRETE GRÁTIS – BRASIL*

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Descrição/Detalhes

[RESERVADA] ISMAEL NERY – “Figuras Femininas:
-Técnica/Suporte: Pendant – Par de Desenhos à Grafite sobre Papel.
-Medidas: 15 x 10 cm (cada obra).
-Data: Década de 20.
-Certificado: Com Cachet no Verso da Galeria Ricardo Camargo.
-Assinatura: Assinado no CID no 2o. Desenho.
-Moldura: Devidamente emolduradas.
-Estado de conservação: Ótimo.
-Descrição/Detalhes: Raríssimas obras da renomado artista. Está assinada no cid no segundo desenho, está com o cachet da Galeria Ricardo Camargo no verso.
FRETE GRÁTIS – BRASIL*
-ID | REF | SKU: GP-P21330

BIOGRAFIA: Ismael Nery (Belém PA 1900 – Rio de Janeiro RJ 1934).
Pintor, desenhista, poeta.

Muda-se ainda criança para o Rio de Janeiro onde, em 1917, matricula-se na Escola Nacional de Belas Artes – Enba. Viaja para França em 1920 e freqüenta a Académie Julian. De volta ao Rio de Janeiro, no ano seguinte, trabalha como desenhista na seção de Arquitetura e Topografia da Diretoria do Patrimônio Nacional, órgão ligado ao Ministério da Fazenda. Lá conhece o poeta Murilo Mendes (1901 – 1975), que se torna grande amigo e incentivador de sua obra. Em 1922 casa-se com a poeta Adalgisa Nery (1905 – 1980). Ismael Nery aplica à sua produção os princípios do Essencialismo, sistema filosófico que ele mesmo cria. Segundo Murilo Mendes, esse sistema diz respeito às concepções do artista sobre a abstração do tempo e do espaço. Em 1927, novamente na França, conhece Marc Chagall (1887 – 1985), André Breton (1896 – 1966) e Marcel Noll. A volta ao Brasil marca a fase surrealista de sua obra, a princípio por influência de Chagall. Em 1930, contrai tuberculose. Enfermo, seus trabalhos passam a revelar seu drama pessoal e a fragilidade do corpo. Falece aos 33 anos. Em 1948, uma série de artigos de Murilo Mendes publicados nos jornais O Estado de S. Paulo e Letras e Artes busca resgatar a obra plástica, literária e filosófica do artista. Esquecido, Ismael Nery, passa a ser valorizado em meados dos anos 1960 com exposições realizadas em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Comentário Crítico
Ismael Nery é uma das personalidades mais inquietas do modernismo brasileiro. Dedica-se à pintura e ao desenho, sem nunca delimitar seu campo de atuação. Assim, também produz poemas e elabora reflexões teóricas. Em vida, não se define como artista plástico. Mário Pedrosa (1900 – 1981), crítico de arte e amigo de Nery, lembra que ele “nunca quis ser artista profissional”.1 Sua pintura aparece como um nicho onde ele formula parte de suas reflexões metafísicas, uma materialização de suas idéias sobre o que era necessário a todos os homens, universalmente, independentemente da época e do lugar.

Ismael Nery nasce em Belém. Ainda na infância, muda-se para o Rio de Janeiro. Tudo indica que se aproxima das artes na juventude. Provavelmente, freqüenta a Escola Nacional de Belas Artes – Enba, entre 1915 e 1916. É certo que em 1918 está entre os alunos matriculados na instituição. Nesse período, dedica-se à cópia em gesso de esculturas da Antigüidade greco-romana e, por meio delas, desenvolve interesse pela figura humana, tema que iria tomar a maior parte de suas inquietações artísticas. Na Enba faz aulas com Henrique Bernardelli (1858 – 1936), cujos incentivo e elogios o animam a seguir estudando arte.

Em 1920, Nery vai a Paris para estudar. Permanece na Académie Julian por três meses. Na Europa entra em contato com o modernismo. Examina os quadros de artistas cubistas como Pablo Picasso (1881 – 1973), Georges Braque (1882 – 1963), André Lhote (1885 – 1962), Fernand Léger (1881 – 1955) e Jean Metzinger (1883 – 1956). Durante a sua permanência, pode conhecer boa parte da tradição artística do velho continente. Além da Escola de Paris, tem grande interesse pelo expressionismo alemão. Na Itália conhece as obras dos mestres do Renascimento e torna-se admirador da pintura do período. Devota-se, sobretudo, a Ticiano (ca.1488 – 1576), Tintoretto (1519 – 1594), Paolo Veronese (1528 – 1588), Michelangelo Buonarroti (1475 – 1564) e Rafael (1483 – 1520). Tem interesse também por artistas italianos modernos, como Giorgio de Chirico (1888 – 1978).

Ao voltar para o Brasil, em 1921, é nomeado desenhista na seção de Arquitetura e Topografia da Diretoria do Patrimônio Nacional, órgão ligado ao Ministério da Fazenda. Lá conhece e se torna amigo do poeta Murilo Mendes (1901 – 1975), um dos seus grandes incentivadores. Um ano depois, casa-se com poetisa Adalgisa Nery (1905 – 1980), musa de suas principais pinturas. Apesar de já trabalhar com formas modernas, seu assunto o diferencia do modernismo brasileiro da Semana de Arte Moderna de 1922. O artista não tem gosto por temas nacionalistas. Seus personagens aparecem em cenários imaginários, avessos a qualquer referência reconhecível. Ele trata, basicamente, da figura humana, idealizada, a serviço de uma figuração simbólica. Neste período, faz retratos, como as obras Retrato de Murilo Mendes (1922) e A Espanhola (1923). A relação entre as partes claras e as partes escuras é bastante marcada.

Ismael Nery, posteriormente, dá tratamento mais geométrico a suas figuras. Em 1924, aproximadamente, compõe seus personagens com cilindros e formas ovais. Os homens e mulheres se tornam mais alongados e estruturados. Dão a impressão de formas ideais, fora do tempo e do espaço. Ao seu expressionismo é somada a influência cubista. Na época a casa do artista se torna um ponto de encontro de artistas e intelectuais cariocas. É freqüentada, entre outros, por Mário Pedrosa, Murilo Mendes, Guignard (1896 – 1962) e Antonio Bento (1902 – 1988).

Em torno de 1926, expõe a alguns desses amigos a sua doutrina: o essencialismo. Um conjunto de princípios, ligados ao seu humanismo cristão, que seria a síntese de suas reflexões. Em 1927, Nery parte, com a esposa e a mãe, para a Europa, onde convive com Heitor Villa-Lobos (1887 – 1959) e conhece André Breton (1896 – 1966), Marc Noll e Marc Chagall (1887 – 1985). A viagem influencia profundamente sua pintura. Ele volta particularmente impressionado com o trabalho de Chagall que seus temas e personagens, a partir daí, aproximam-se dos do artista russo.

Os corpos são pintados com cores mais vivas e aparentam mais leveza. A ação das suas pinturas ocorre em um plano onírico. No entanto, este tratamento se dá com base em relações que Murilo Mendes chama de “absolutas, definitivas e eternas”,2 derivadas do essencialismo de Ismael Nery. A partir de 1930, é constatada sua tuberculose e isso se reflete em suas pinturas. Suas figuras se tornam esgarçadas, aparecem com as vísceras abertas. Os personagens surgem em cenários vazios, nitidamente influenciados pela pintura metafísica italiana. Os personagens agora são flagelados e feridos. O trabalho incorpora o tema da morte.

Daí em diante o artista trabalha menos. No entanto, sua produção tem maior projeção. Antes disso, em 1929, Ismael Nery faz as suas únicas exposições individuais, a primeira em Belém e a segunda no Rio de Janeiro. Não chega a ter grande receptividade, mas consegue expor numa coletiva de pintura brasileira em Nova York e participar de importantes salões, como o Salão Revolucionário, no Rio de Janeiro, em 1931, e a Exposição de Arte Moderna da SPAM, em São Paulo, em 1933.

Doente, apesar de uma rápida melhora em 1933, Ismael não resiste e morre, vitimado pela tuberculose, em 1934, num mosteiro franciscano. O reconhecimento ao seu trabalho ocorre postumamente, após sua participação nas Bienais de 1965 e 1969 e de retrospectivas em 1966, no Rio de Janeiro, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM/RJ e na Petite Galerie.
ISMAEL Nery. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa8657/ismael-nery. Acesso em: 07 de abril de 2024. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7

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